E com o Santo António chegou a semana dos jogos tradicionais à escola EB1/JI Lousado. Nada mais apropriado.
O ensino básico arrancou com uma competição à moda antiga. Cada turma era dividida em três equipas, que guerreavam entre si ao longo de uma hora pela grande vitória final. Entre jogo do galo, jogo de tração com corda em linha e muitas outras antigas brincadeiras de rua, lá iam os alunos competindo, prova atrás de prova, testando as suas capacidades de motricidade, raciocínio e sorte… muita, muita sorte.
E entre lágrimas, gritos de “não foi justo”, “ele fez batota” e o colinho das professoras lá foram os meninos e meninas da Escola de Lousado desenvolvendo a sua Inteligência Emocional da maneira mais assertiva e natural que existe: através da brincadeira.
Houve direito a sentimentos de frustração, tristeza, alegria, medo, motivação intrínseca e encontros inesperados com a verdadeira futilidade de tentar mudar um resultado que não desejavam.
Talvez esta semana devesse ter sido apelidada de Semana da Inteligência Emocional em vez de Semana dos Jogos Tradicionais. Vale bem a pena pensar nisso.
Mas a cereja em cima do bolo esteve na pré escola esta semana, se me permitem uma opinião bem subjetiva. Os alunos do pré-escolar foram premiados com um espetáculo de magia, com a contratação do
Mágico Duarte .
Ainda se lembram de quando acreditavam em magia? De quando ainda se criam que era o menino Jesus que oferecia as prendas no Natal e que era possível alguém roubar-nos o nariz? Eu recordo-me. Era a idade da inocência, a idade do pré-escolar.
Dizem os especialistas que uma criança está pronta para ingressar o ensino básico quando, entre outras coisas, começa a integrar. Mas toda a evolução tem o seu preço, e a preparação para uma aprendizagem mais formal vem com o elevado custo do crer na existência de um mundo mágico.
Mas os alunos e alunas do Jardim de Infância de Lousado ainda acreditam em magia e tiveram a oportunidade de se deliciarem com as aventuras e desventuras do mágico mais trapalhão que alguma vez viram. Mas como é que era possível que este mágico profissional estivesse sempre a enganar-se ou ser enganado pela própria varinha?
Foi um belíssimo espetáculo de magia para os mais pequenos e um verdadeiro espetáculo de inteligência emocional em ação para os graúdos. A forma como o Mágico Duarte brincou com os instintos básicos da contra-vontade e alpha dos meninos e meninas, assim como os fez sentir poderosos num mundo e tempo onde a impotência é o sentimento do dia foi simplesmente digno de ovação em pé.
E o resultado foi uma participação massiva por parte de todos os alunos, com até os mais tímidos e envergonhados a oferecerem-se como voluntários, e muitas, mas mesmo muitas gargalhadas. Os pequenos riam e os crescidos até choravam de tanto riso, contagiados pelas gargalhadas daqueles que tanto amam pois é impossível cuidar diariamente sem aprender a amar.
E assim terminou mais uma semana do mês da criança na escola de Lousado. Para a semana: introdução ao Paintball. Ou talvez devêssemos dizer:
“Para a semana continuamos com o curso básico sobre como desenvolver inteligência emocional nas crianças, de acordo com o ancestral currículo da natureza humana. Próxima lição: introdução ao sentimento da frustração, muitas vezes negativamente apelidado de raiva. Ponto principal: como libertar frustração de forma saudável e assim impedir que ela acabe por rebentar com o irmão mais novo, animal de estimação ou até com um belo ataque de raiva na sala de aula.”
Até daqui a 8 dias!
